A evolução da ciência médica, a mudança nas relações sociais, o trabalho de desgaste da imagem do médico (imprensa e governo), a facilidade dada ao paciente para processar (pelas normas jurídicas brasileiras), entre outras. Todos esses fatores desaguam e fundamentam uma relação entre médico e paciente estremecida, que somada aos ânimos aflorados, proporcionados pelo “estado enfermo”, a falta de educação de parte da população, a “procura por atendimento” e o caos da saúde brasileira, pode resultar facilmente na quebra desta relação, que por si só é extremamente frágil.
Todo o panorama da medicina atual favorece uma relação frágil, assim, qualquer adversidade poderá evoluir para a quebra desta relação, fato que pode resultar em processo judicial.
A quebra da relação médico X paciente é sem dúvida um dos fatos elencados como principal causa do processo judicial movido por pacientes contra médicos.
Tal afirmação é constatada diariamente, ao analisarmos os fatores e informações trazidas pelo médico. Essa constatação é também objeto de afirmação em diversos estudos, como segue:
Após apontamentos é certo concluir que:
“Em todos os meus anos de experiência nessa área, eu nunca vi um paciente dizer: ‘Eu realmente gosto desse médico, eu me sinto mal, mas terei que processá-lo.’ Na maioria das vezes os pacientes dizem: ‘Eu não creio que o ele (médico) tenha sido negligente, eu gosto dele e não irei processá-lo’.
O médico deve se adequar para a implementação de rotinas que visem a quebra da impessoalidade, objetivando uma boa relação entre médico e pacientes. A solidificação da confiança é fator fundamental para o exercício seguro da medicina.
A confiança entre paciente e médico é um dos fatores mais importantes na medicina defensiva moderna.
É necessária uma boa interação com o paciente, resgatando a boa relação médico/paciente através do diálogo, conversas e da boa comunicação entre as partes nas consultas e atendimentos. O AMBIENTE DEVE SER CONTROLADO PELO MÉDICO.
Nos processos, existe o elemento subjetivo do paciente ou de seus familiares. Estes, procuraram tirar o peso de suas costas e colocar em outra. O amparo e a boa relação médico/paciente traz consequentemente, o “ambiente controlado”, assim, o aspecto subjetivo que encoraja pacientes e familiares a procurar a justiça, tende à ser inibido pelo profissional.
Deve vigorar a lição americana do “full desclosure”, ou seja, revelação total. A época do paternalismo médico foi dissipada pela evolução dos direitos civis. Informe SEMPRE ao paciente sobre as vulnerabilidades da ciência médica, dos riscos e consequências de cada procedimento ou tratamento.
Lembre-se: Para uma boa comunicação não são necessárias horas de conversa, alguns minutos de bom diálogo em linguagem acessível e boa interação, são suficientes.
Importante: A boa comunicação cinge-se em outros elementos que não somente “o verbal”. Muitos especialistas destacam que a boa comunicação deve ser composta em sua maior parte por gestos, expressividade, movimentação, postura – comunicação não verbal.
Quando a relação entre médico/paciente é quebrada, o seguimento por outro colega é a melhor conduta, seja para o profissional, que se resguarda, assim como para o paciente, pois a relação de confiança é fundamental para o processo de cura.
Amanda Bernardes – Advogada Especialista em Defesa Médica